quinta-feira, 5 de maio de 2011

Brasileiro sente-se seguro no automóvel, de acordo com pesquisa do IPEA

 
No trânsito, o brasileiro tem pressa. A rapidez é apontada como a característica mais importante para um bom transporte pelos entrevistados de uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgada nesta quarta-feira. O estudo mostra também que, mais do que conforto e opções de horário, a população quer pagar barato e ter acesso fácil na hora de escolher seu meio de transporte, além de se locomover em menos tempo.
“Percebeu-se uma preocupação geral com a rapidez, o preço e disponibilidade do
transporte”, diz o texto da pesquisa, que aposta nos  investimentos em transporte coletivo para melhorar a situação no trânsito.
“Todas essas preocupações tendem a justificar investimentos em corredores de ônibus e metrôs aliados a políticas tarifárias que permitam ampliar o número de usuários de transporte público num cenário em que se reduz o tempo de viagem ao mesmo tempo em que são incluídas mais pessoas no sistema”.
O transporte público já é usado pela maioria (60%) dos habitantes das regiões metropolitanas, enquanto que nas outras cidades ele corresponde a 24% da locomoção. O percentual é um pouco menor que o dos carros, que contabilizam 25 % do total de meios de transporte que circulam por cidades menores. As quantidades de condutores de motos, ciclistas e pedestres são três vezes maiores fora das regiões metropolitanas.
Isso mostra que há potencial para crescimento do transporte público, como propõe o Ipea, mas antes de investir na área, é preciso convencer as pessoas de que ele é uma boa saída. O estudo mostra que quem possui seu próprio veículo ou anda a pé, vê o transporte coletivo como uma alternativa lenta.
Contraditoriamente, os usuários de transporte público afirmam que a rapidez é um dos motivos que os levaram a escolher este tipo de locomoção. “A percepção sobre o transporte público por aqueles que não são usuários pode ser bastante distinta ou mesmo oposta daqueles que o utilizam” diz o estudo.
Para o responsável pela pesquisa, Ernesto Galindo, isso “não quer dizer que o serviço seja bom ou ruim, mas que as pessoas talvez não estejam bem informadas. As pessoas às vezes não usam o transporte coletivo porque não sabem onde passa e em que horário”.
Uma maneira de corrigir essa distorção de percepção seria divulgar as vantagens e desvantagens de cada tipo de transporte. A pesquisa diz que “estudos que demonstrem velocidades médias urbanas por meio de transporte serviriam para corrigir ou ratificar a impressão que as pessoas têm sobre a rapidez e a eficiência do uso do automóvel em detrimento do transporte público, por exemplo”.
Além da divulgação de informação, Galindo afirma que falta investir mais no transporte público. “São necessárias duas ações em paralelo: melhorar a informação das pessoas sobre cada tipo de transporte e investir em transporte público", afirma.
Esse investimento deve ser feito pelos municípios, o que não tira a responsabilidade de governos estaduais e federal de apoiar as localidades mais pobres. “ A questão do transporte coletivo é tratada pelo município, mas muitas vezes por falta de recursos ele tem que acessar governos estaduais e federais e o acesso precisa ser facilitado”, diz Galindo.
Saúde é importante para pedestres

Para os pedestres, a possibilidade de se exercitar e manter-se saudável são a principal razão de se locomoverem a pé. Os que optam por carro, moto ou bicicleta estão preocupados em chegar logo a seu destino. Já os que usam o transporte público, o fazem, na maioria das vezes, porque o consideram mais barato.
Carro dá sensação de segurança

O estudo sobre mobilidade urbana constatou também que as pessoas costumam se sentir mais seguras dentro de um carro do que em um ônibus, trem ou metrô. Isso vale tanto para o risco de acidentes quanto para uma possibilidade de assalto.
No transporte público, o percentual de pessoas que está sempre com medo de ser assaltada chega a 62%.
No total, o Ipea entrevistou 2.786 pessoas em 140 municípios brasileiros para elaborar este e outros estudos que integram o Sistema de Indicadores de Percepção Social de Mobilidade Urbana.

iG Brasília - Naiara Leão - 04/05/2011


Comentário do sindicato

Chega a ser um absurdo saber que 62% de pessoas têm medo ser assaltada no transporte público. Parte dessas pessoas teme pela falta de hábito de uso de transporte público, e outra parte por ter sido realmente assaltada em transporte público.

Mais um apelo em favor do transporte público sobre trilhos, uma vez que pode ser monitorado por câmeras e por agentes de segurança dentro das composições. A lamentar, entretanto, que os próprios gestores dos transportes públicos sobre trilhos não tenham essa visão e entendimento.

Estão preocupados em oferecer trens rápidos e com pequeno intervalo entre um e outro, mas nem um pouco interessados na qualidade do transporte, onde a questão do conforto e segurança do passageiro – dentro da composição – é tão importante quanto os quesitos disponibilidade, velocidade e custo.

É o transporte na era do fast food. Rápido, relativamente barato, mas sem nenhum apelo de civilidade, conforto e prazer. É um simples prato-feito, servido em marmitex, para ser comido as pressas, com talheres de plástico.

Nenhum comentário:

Postar um comentário