quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Frota de ônibus tem idade média acima do limite




AGORA

Fernanda Barbosa e Adriana Ferraz


Bancos desconfortáveis, poluição e até cordinha azul para dar o sinal --desativada há muitos anos. A idade avançada da frota de ônibus urbanos da capital não está só na aparência. A média de vida dos coletivos de concessionárias é de cinco anos e cinco meses, segundo a SPTrans (que administra o transporte público), cinco meses mais do que o previsto em contrato com as empresas.

Relatório do TCM (Tribunal de Contas do Município) revela que oito empresas começaram o ano com idade média de veículos acima de cinco anos. Ao todo, nove das vinte garagens da concessão --ou 45%-- estavam em desacordo.

Passageiros dos terminais Santana, Tatuapé e Parque Dom Pedro, nas zonas leste, norte e centro de SP, reclamam de barras mal fixadas e ônibus quebrados.


SPTrans diz renovar frotaFernanda Barbosa



A SPTrans informa que a frota de ônibus da capital é renovada de forma "constante" e que 10.992 dos 15.000 veículos foram substituídos entre 2005 e 2010. De acordo com a empresa, não há nenhum ônibus com mais de dez anos circulando na cidade, com exceção dos trólebus, que possuem vida útil maior.

Frota de ônibus tem idade média acima do limite
Já a idade média dos ônibus em regime de permissão, a maioria micro-ônibus, é de três anos e seis meses, diz a SPTrans. A empresa informa ainda que irá encaminhar esclarecimentos ao Tribunal de Contas do Município sobre o relatório.

Com relação à linha Vila Rosa/Santana, cujos ônibus, segundo passageira, quebram frequentemente, a SPTrans informa que a fiscalização será intensificada.

A empresa municipal ressalta que todos os ônibus do sistema passam por vistoria pelo menos duas vezes ao ano, e que essa periodicidade pode aumentar conforme a necessidade e os resultados dos trabalhos. Todos os ônibus, diz a SPTrans, passam por inspeção veicular.

Questionadas, as empresas não se manifestaram.

CET ignora áreas com mais número de atropelamentos



As 15 vias recordistas em atropelamentos com morte em São Paulo estão fora da fiscalização do Programa de Proteção ao Pedestre da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).

Em 2010, elas registraram 113 mortes por atropelamento, 18% das 630 mortes desse tipo registradas em toda a cidade no ano passado.

A Marginal do Tietê, com 21 casos, foi a via com o maior número de mortes, seguida pela Estrada do M”Boi Mirim, com 13. Segundo a CET, até o fim de setembro os agentes devem intensificar a fiscalização das infrações contra pedestres em todas as regiões.

Além da falta de fiscalização, os pedestres encontram outros problemas nessas vias. Na tarde de ontem, a reportagem encontrou falhas em um semáforo na pista local da Marginal do Tietê, ao lado do conjunto habitacional Parque do Gato, no Bom Retiro, região central.

“Essa é uma região que sempre tem atropelamento. O semáforo está quebrado desde cedo e a CET não aparece para consertá-lo”, reclamou o mecânico Humberto Correia Alves, de 54 anos. “Enquanto isso, as pessoas se arriscam para atravessar porque nenhum motorista dá passagem.”

O montador Francisco Bezerra de Abreu, de 55 anos, esperou cerca de dez minutos para atravessar naquele ponto. Em meio ao tráfego intenso, com velocidade média de 70km/h, ele só conseguiu cruzar a rua depois que um caminhoneiro parou na faixa.

Mesmo assim, o motorista do veículo de trás buzinou, irritado. “Seria melhor se colocassem uma passarela”, disse.

Segundo avaliação de Sérgio Ejzenberg, mestre em Transportes pela Universidade de São Paulo, é preciso identificar os pontos da Marginal onde há mortes por atropelamento e tomar medidas de engenharia de tráfego para solucionar os problemas.

“Muitas vezes é necessário instalar uma barreira de concreto para evitar a travessia em um local perigoso. Em outras, o melhor será instalar uma passarela. Há sempre medidas a fazer desde que se identifique o problema.”

Zona leste

A Avenida Professor Luís Ignácio de Anhaia Mello, na zona leste da capital, que em 2010 registrou oito mortes por atropelamento, também tem obstáculos para os pedestres. A via é a quarta mais perigosa da capital e também não está no plano de fiscalização.


No cruzamento da via com a Rua Ribeirópolis não há semáforo para pedestres. Para atravessar, é preciso prestar atenção no dos veículos para saber o momento em que ele ficará vermelho.

Os 28 segundos para atravessar a via também não são suficientes para muitos. “É pouco tempo para os idosos. E muitos carros passam no sinal vermelho”, diz a encarregada de faturamento Sueli Moraes, de 51 anos.

Segundo a CET, dos atropelados em 2010, 73% eram homens, 55,4% tinham entre 20 e 59 anos e 35,9% tinham 60 anos ou mais.

Fonte: O Estado de S.Paulo, Por Fabiano Nunes

COMENTÁRIO SETORIAL TRANSPORTES SP

A ideia de regulamentar e por em prática o artigo do Código de Trânsito Brasileiro que dá prioridade ao pedestre na travessia das vias urbanas é boa. Só que o Kassab quer usar isso como um golpe de marketing, como foi o Cidade Limpa, em que o prefeito de São Paulo teve alto retorno político. Não se deve usar os paulistanos para pirotecnia eleitoreira. Primeiro, o número de atropelamentos ocorre mais na periferia da cidade de São Paulo do que no centro. Isso por falta de fiscalização e sinalização precária da malha urbana. O prefeito Kassab por motivo de visibilidade colocou fiscalização parcal em apenas uma pequena área do centro. A cidade tem mais de 17 mil quilômetros de vias. Para um programa desses funcionar a contento é preciso aumentar o número de marronzinhos da CET, para aumentar a fiscalizar, melhorar a sinalização viária e fazer uma ampla campanha educativa. Se isso não for feito será apenas mais um golpe publicitário a ser usado em 2012 sem nenhum compromisso com a população de São Paulo.