terça-feira, 26 de abril de 2011

Falta de planejamento urbano é causa do caos em São Paulo



Falta de planejamento urbano contribui com engarrafamentos e transporte coletivo superlotado em São Paulo
Enquanto no centro havia até dez empregos por habitante, zonas periféricas tinham um a cada sete pessoas

ALENCAR IZIDORO
DE SÃO PAULO
LUCIANO BOTTINI FILHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Empregos onde moram poucos e muita gente onde quase não há trabalho. A distribuição desigual de negócios, serviços, moradias e habitantes está por trás de boa parte das dificuldades para se deslocar em São Paulo.

Os demorados engarrafamentos não são explicados só pela frota de carros crescente -assim como a lotação de ônibus, trens e metrô não se deve apenas à oferta limitada de transporte público.

A falta de planejamento urbano -que leva a população a percorrer grandes distâncias para trabalhar - é citada por técnicos como um dos ingredientes do trânsito e do aperto nos coletivos.

Dados da última pesquisa OD (Origem/Destino, um "censo" das viagens metropolitanas, de 2007) do Metrô dão pistas do imbróglio. Enquanto no centro de São Paulo havia até dez vagas de emprego por habitante, zonas periféricas tinham abaixo de uma por cada sete pessoas.

A solução passa por incentivos para a ocupação do centro por moradores e pelo desenvolvimento econômico de bairros mais afastados.

"Faltam operações urbanas que adensem a população onde a economia é mais forte", afirma Kazuo Nakano, arquiteto e urbanista.

"Paris e Nova York fazem com que as pessoas encontrem perto da sua residência tudo aquilo que precisam", afirma Oded Grajew, da ONG Rede Nossa São Paulo.

"Quando a gente fala que mora em Cidade Tiradentes já nos descartam. O que mais tem aqui é gente desempregada", diz Edmilson Assis, 39, motorista que já chegou a levar quatro horas do trabalho até sua casa, na Mooca.

SEGREGAÇÃO

Não contratar quem mora longe do local é discriminação e segregação social, segundo a assessoria da Procuradoria Regional do Trabalho da 2ª Região, em São Paulo.

"As empresas escolhem se instalar perto da casa do presidente. Um call center, por exemplo, tem 3.000 a 4.000 funcionários da periferia. Todos viajam em média duas horas por dia", afirma Grajew.
Ao transporte sobra a atribuição de encurtar viagens. Mantê-lo fica caro quando há muita demanda nos picos e ociosidade no resto do dia.

Segundo Alberto Epifani, gerente de planejamento do Metrô, haverá equilíbrio com uma ampla rede de metrô, com várias linhas integradas -só por volta de 2030, avalia.

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